28/10/2012




Da última vez que estive contigo, o Pina estava também. Pensei, mais tarde, que, eventualmente, pudesse voltar a ver-vos. Ao poeta já não posso... Chorei quando o soube. Provavelmente por saber que não mais te verei (também). 
É assim, não é? Dizem que é a vida. Mas se é a vida porque raio anda tudo a morrer? Percebes? Eu acho que percebes, sempre percebeste.
Vesti preto hoje de manhã. O preto é a cor do luto. Curioso, não achas? Raramente visto preto e hoje fi-lo quase involuntariamente. 
É assim, não é? A vida está para os que não sentem nem querem sentir, não é?  Para os que não sabem nem querem saber, não é?
Tu sentias. E sabias. E pensavas. E, e... fugiste.Fizeste-te diluir.

[exercícios mentais regressivos]

Lembrei-me de ti. Lembro-me todos os dias. Todos os dias faço luto pela morte que entre nós se fez sucumbir. Hoje não. Hoje o Pina morreu. Vou lê-lo e dormir até me convencer que, de facto, a vida está para os que não sentem e  não sabem. Nem querem Chico. Não querem.